Sunday, January 7, 2007

[Stay and help me to end the day]

Pareço estar a passar po uma ausência de qualquer coerência no que digo.
Não encontro base ou fundamento para nada além de divagações idiotas sem sentido.
Não faço as perguntas com clareza, óbvio que as respostas também não serão claras. Talvez a minha maior dúvida seja a causa de uma das minhas certezas. Mas que raio? Endoideci de vez?
À noite procuro aqueles olhos, aquele sorriso, aquela mão, aquele calor.
E sei que tudo o resto serão corpos, nada mais do que corpos sem o brilho dele.
Porque é que o coração faz tudo parecer tão fatalista?
(Vá, vem beber um copo, fumar um cigarro, vamos ser amigos como antes.)

Sunday, December 10, 2006

[Give me please five minutes of everything]

Dá-me mais cinco minutos dessa amizade que me faltava. Cinco minutos do teu sorriso ou do teu mau humor. Dá-me cinco minutos do silêncio que não me fazia sentir mal. Cinco minutos do calor no peito ou do ombro para descansar.
Fazes-me falta pelo simples motivo que contigo nunca precisei de pensar. Não tentei perceber nada, o que me fazias sentir bastava e tudo o resto era um bónus. Não pensei no que poderia ou não acontecer, porque tu sabes que acho sempre que tudo corre mal. E eu acreditei que já estavas habituado, à minha tristeza, à minha insistência, ao meu silêncio, à minha teimosia, até à minha mania de auto destruição. E eu habituei-me ao teu sono em qualquer altura, ao teu sorriso, às tuas brincadeiras, à tua atenção, ao teu carinho, à tua cara de psicopata, aos teus momentos menos bons.
A ti.
Agora não sei de ti, não sei de mim. Não sei se me queres longe, não sei se a minha insistência já se tornou parva.
Agora só queria cinco minutos de ti.

Friday, December 1, 2006

Porque é que continuo a chorar pelas feridas de batalhas perdidas? Nunca tive o talento necessário à fuga de balas ou palavras e talvez a isso se deva esta inconstância. Tenho medo do que amo porque a dor de o perder me parece insuportável. E posso sofrer por antecedência, mas quando tento acender uma luz todas as lâmpadas parecem desaparecer. Sim, sou teimosa e tenho o meu orgulho, mas continuo a precisar de um ombro nos momentos de fraqueza. Sim, erro e digo coisas que talvez me arrependa, mas continuo a ter pele e sangue e sinto tudo como outra qualquer pessoa. Sim, sou "carente" e chata e auto destrutiva, mas é tão mais fácil fazer como todos os outros e pôr a culpa em mim. Sim, tenho medos e confio nas pessoas, mas continuo a precisar dessa confiança de volta e de um gesto de carinho uma vez por outra. Sim, sofro por coisas que já passaram, mas a memória teima em latejar e isolar me do mundo. Sim, isolo me mais do que o normal, mas cada vez mais o mundo e as pessoas me assustam e me marcam. Sim, fico com um sorriso parvo por coisas mínimas e tento aproveitar aquele pequeno instante em que o peito treme e aquece por sentir alguém próximo, mas continuo a ficar sozinha à noite. Sim, deixo me invadir por lágrimas que parecem não ter fim mesmo quanndo são interrompidas por palavras que as adoçam, mas continuo a precisar de chorar e desabafar mesmo quando ninguém tem tempo para ouvir. Sim, falo e falo e falo sobre os meus inúmeros defeitos e tudo aquilo que algumas pessoas parecem não ver, mas continuo a ver um bocadinho de paraíso nos olhos de outras pessoas. Sim, gostava de prolongar o sorriso e os dias de sol, mas continuo a ter a noção de tudo o que sou e não sou, de tudo o que nunca vou ter. Sim, gosto de sentir umao a segurar a minha, mas tenho consciência de que mesmo essa mão eventualmente acaba por se cansar e ir embora. Sim, sei perfeitamente que sou repetitiva e cansativa, mas mesmo assim gostava que alguém ficasse mais um bocadinho do que o costume. ["Há quanto tempo não me arde o peito?"]

Tuesday, November 28, 2006

Talvez tenha falado demais, ou de menos. Pensei que se falasse era tudo mais simples, mas parece só complicar mais. Cansei me de forçar sorrisos por batalhas perdidas. Cansei me de evitar problemas por medo de incomodar alguém. O meu mau humor é meu, tenho direito a ele. Tenho direito às minhas birras quando estou sozinha no meio dos lençóis abandonando me ao ar frio da noite. Tenho direito de me defender de tudo o que me magoa. Mas hoje não chove, e eu sinto saudades da chuva e das estrelas. Sinto saudades do cheiro do chão molhado e das pingas que caem das árvores. Saudades do som do vento à noite, quando tudo é silêncio abandonado pelo crepúsculo.

Thursday, November 23, 2006

[Secretly]

Escrevo te palavras que nunca veras. Murmuro te palavras que nunca ouviras. Ainda que não saiba quem tu és. Gostava de estar lá para te dar a mão e o apoio que tenho dado a tanta gente. Mas não consigo. Quando chega a tua vez faltam me as forças e a coragem. Falta me o fôlego e a vontade. Queria falar contigo ate adormeceres e secar te as lágrimas. Queria dar te o abraço que precisas e a segurança que te falta. Mas não consigo. Não sei porque espero, não sei o que me falta. Só sei que não te encontro e isso magoa me por dentro. Talvez não seja o momento certo, talvez não procure no sítio certo. Mas falta me o sentido de orientação e o mundo não para só para eu te encontrar. O mundo não para só para te dar tempo. Tu irritas me. A tua apatia enquanto tens tudo o que queres e não aproveitas. Limitas te a vaguear por caminhos estranhos sem encontrares o teu. Porque é que o teu sorriso tem de ser sempre para agradar alguém? Porque não sorris por tudo aquilo que és e tens? Deixas te ir com a maré e entras em decadência. Abandonas te dentro de ti e foges do mundo que te chama. Isolas te quando mais precisas de gritar e choras longe de tudo. O que se passa comigo? Falta me o ar, o abrigo, o abraço, o calor, o frio, a solidão, a companhia. Falto me eu, porque me perdi e não encontro o caminho de volta.

Wednesday, November 22, 2006

[I want to be the girl with the most cake]

Hoje guardo o sorriso na gaveta e as lágrimas debaixo da almofada. Hoje os suspiros evaporam e as gargalhadas são abafadas. Hoje o chão ficou quente e o ar gelou. Hoje o sol escondeu se e o céu ficou preto. Hoje os pássaros não cantam e as nuvens não se movem. Hoje as cordas rebentaram e a guitarra fica muda. Hoje o telemóvel fica desligado e os assuntos pendentes. Hoje a voz foge e a cabeça pesa. Hoje O dia está lento e o tempo passa depressa demais. Hoje o café sabe a água e o silêncio ensurdece me. Hoje ouço o óbvio, mas recuso me a aceitar.Hoje as tintas secaram e os pincéis ficaram num canto. Hoje as parades apertam e o tecto desaba. Hoje a pele endureceu e o cabelo caiu. Hoje queria sair, mas tenho medo da rua. Hoje queria que alguém se lembrasse de mim, mas quero estar sozinha. Hoje queria isolar me, mas quero estar rodeada de pessoas. Hoje queria um abraço, mas não suporto a proximidade. Hoje queria afagos na cabeça, mas nao quero que me toquem. Hoje queria sentir me parte de algo, mas sou individualista demais. Hoje queria viver o dia, mas alguém carregou no "pause". Hoje queria ter um porto seguro, mas faltam me as cordas para me prender. Hoje queria entender me, mas tenho medo dos esqueletos no armário. Hoje queria começar o dia, mas escondi me debaixo dos cobertores. Hoje queria ser feliz, mas os outros estão e é isso que importa. "Hoje estou que não me entendo, Hoje não me recomendo."

[Chuva]

Deixa-me. Quero ficar sozinha. (Não me largues a mão.) Quero ser sozinha. Não me podes guiar o caminho. Não me toques mais porque o teu toque doce fere-me a pele. Deixa-me no meu canto esquecida pelo tempo. Deixa-me dormir esquecendo o tempo. Não me peças os sorrisos que não te posso dar, nem a alegria que perdi por entre os meus caminhos. Não te vou pedir nada porque não sei como pedir o que preciso. Não te vou dizer nada porque não sei como dizer o que sinto. Não vou abrir mais o coração porque não sei sentir. Deixa esta velha angústia que trago no peito transbordar. Será que não entendes que o meu único conforto são as minhas lágrimas? Será que não entendes que a minha única certeza é a minha dor? Será que não entendes que eu também não sei a resposta para as perguntas que me fazes? Será que não entendes que não consigo avançar porque as minhas pernas não se mexem? Vá, deixa-me. Eu fico no meu canto a ver a chuva cair. Deixa-me de uma vez porque eu te faço mal. Eu vou passear à chuva e correr por entre recordações.